29 e 30 de março – Sábado e Domingo

Até as seis da tarde eu praticamente não fiz nada, só enrolei. Estava ao mesmo tempo ansiosa pela rave, mas também um pouco deprê. Vai entender! Quis ficar o dia todo sozinha. Apesar de a Gabi ter me convidado pra ir almoçar no sítio da mãe dela, não estava muito disposta a participar de atividades sociais hoje. Assisti a um filme, terminei de ler um romance meio besta e dormi a maior parte do tempo.

Quando comecei a me arrumar, a Ritinha apareceu toda radiante. Ela fez trancinhas no cabelo e colocou um gorrinho de lã rosa claro. Vestia um jeans meio oversided e uma blusa de cashmere estampada. Estava o máximo! Super fashion! E a energia dela estava mega positiva, tanto que já entrou adiantando que ia ter muita gente conhecida por lá, muitos gatinhos e muito goró!

Enquanto me arrumava, fiquei desabafando minhas lamurias:

- Tá triste por que, doida? Não me vai dizer que é por causa daquele seu vizinho infeliz.
- Não, acho que não. Sei lá! Às vezes baixa esse vazio por dentro da gente, sabe?
- Sei muito bem! Da última vez que falei isso pro grosso do meu ex, ele quis me convencer que era só aumentar a freqüência do sexo que resolvia tudo.
- Sério? E ele preencheu o vazio? – Eu comecei a rir.
- Que preencheu que nada! Só na cabeça dele mesmo!
- Os homens deveriam ser processados por cada coisa que prometem e não cumprem!
- Pelo menos nós ainda somos livres, né Rê?
- Pode crê. Pior é a Malú e a Gabi que vão perder essa rave irada!
- Provavelmente vão ficar cozinhando pros maridos! Vai... se troca rápido que a noite promete!

Sem falsa modéstia, nós duas estávamos arrasadoras. Segui o modelito hip-hop da Ritinha e coloquei uma calça preta de cintura baixa (estilo Beyonce) e uma blusinha amarela. A bolsinha de renda hippie da cor da blusa fechava o conjunto.

Depois de umas e outras aqui em casa, não podíamos estar mais eufóricas pra festa.

O local era uma chácara meio abandonada do primo de um amigo nosso. Havia mato pra tudo que é lado e muitas árvores. E estava um frio de rachar. Sorte que a tequineira estava correndo solta e a gente esquentou rapidinho.

Logo que eu entrei já pirei num flautista que estava descalço, todo descolado, tentando seguir a percussão da música de fundo. Mal dava pra ouvir a flauta no meio de tanta batida e som eletrônico, mas ele não estava nem aí! Muito louco!

Tinha bastante gente bonita por lá. Mas poucos me impressionaram a primeira vista. Mesmo assim, tinha um cara que ficava me seguindo, dançando o tempo todo do nosso lado. Tentei empurrá-lo pra Ritinha, mas aquela fresca já estava de olho em outro bem mais bonitinho. Não demorou muito pra que ela sumisse e me deixasse numa situação vulnerável.

Tentei despistá-lo puxando papo com outro cara mais interessante, e acabei me dando mal (ou bem). Quando ele percebeu que eu já estava bem louca, não vacilou me pegou de jeito. A gente ficou um tempão juntos. O problema é que eu não parava de pensar no flautista, que era meu grande objetivo da noite. Mas o cara era grudento e não foi fácil despistá-lo.


A noite passou muito rápida. Quando já eram umas sete da manhã, eu já não encontrava mais ninguém conhecido, muito menos a Ritinha pra irmos embora. Já estava cansada e meio enjoada, mas aproveitei pra dançar e me divertir mais um pouco. Depois não agüentei e deitei numa rede que achei suspensa entre duas árvores. Era o que eu mais queria. Não deu outra. Dormi que nem uma pedra e depois de algumas horas a Ritinha me acordou irmos pra casa. Acho que dormi de mau jeito, pois meu corpo todo estava (e ainda está) todo dolorido.

E no final, conversando no carro sobre os bastidores, adivinha quem ficou com o flautista?
- Jura, sua vaca? – Falei brincando.
- Ah, Rê. Foram só uns beijinhos. Nada de mais!

Pode até ser, mas fiquei com uma pontinha de ciúmes. Que coisa chata. Parece até que estamos na savana e pega a presa quem correr mais rápido! Eu hein!

28 de Março de 2008 - Sexta-feira

Finalmente consegui achar forças para ir à academia. Foi muito legal rever o pessoal e mexer um pouco o corpo. Essa preguiça não está com nada mesmo. À tarde dei uma dormidinha básica e, depois de recuperar as energias, fui dar um up no cabelo e passei na casa da Ritinha para irmos juntas na Malú.

O Carlinhos, marido da Malú, não estava lá, o que automaticamente faz com que o nível do papo (e do volume das vozes) seja outro. Juntou as três e vira tudo um barraco, ainda mais cozinhando.

Mais tarde chegou a Gabi com o Mário. Coitado... Foi vítima de de um festival ininterrupto de fofocas. Pela cara dele, não falávamos nada que se salvasse. Fora que ele estava morrendo de fome e a gente sem pressa nenhuma pra servir a mesa. Acho que eu nem ouvi a voz dele.

Muito bom passar um tempo com minhas amigas do coração. Melhor ainda saber que amanhã vai rolar uma rave.

27 de Março de 2008 - Quinta-feira

É incrível como a Ritinha percebe de longe quando eu não estou legal. Bem cedinho ela apareceu aqui trazendo um croissant de chocolate. Foi uma surpresa muito boa saber que ela iria passar o dia comigo. Ela trouxe até seu notebook para estudar aqui em casa. Gente, essa minha amiga é muito fofa.

E papo entre a gente é o que não falta. Podíamos ficar falando uma eternidade que ainda teria assunto de sobra. Aquele lance de ontem complicou meu lado, mas quando a gente conversa de outras coisas, outras relações, esquecemos um pouco de nossas dores.

- E aí Ritinha, e o irmão da Malú? Ouvi dizer que ele está caidinho por você!
- Tá me dando uma baita canseira, isso sim. Você não sabe.
- Conta...
- Outro dia ele me ligou dizendo que pegou uma foto minha no álbum da Malú e colou no espelho do quarto dele.
- Que bonitinho! Ele te liga direto?
- Ai, todo dia Rê. Não sei o que fazer.
- Deixa a vida te levar um pouco, menina! Dá uma chance pro coitado!
- Que chance que nada. Eu quero ficar quietinha no meu canto.
- Olha que depois vai fazer falta hein nega! -Ela riu a beça. -Não rola nem uns beijinhos?
- Tô fora, Rê. Ele é meio estranho.
- Estranho como?
- Ah, sei lá! Ele coleciona insetos!
- Blergh! Sério?

Quando bateu aquela fome, fomos comer uma saladinha a umas duas quadras daqui, num restaurante ótimo naturalista. Afinal, eu não fui um dia sequer na academia essa semana.

Tinham três gatinhos por lá que não paravam de nos secar. Mas esse povo é muito devagar e tivemos que dar área antes de surgir qualquer atitude. Azar deles!

O dia passou depressa e não deu tempo nem de pegar minha roupa na lavanderia.

Quando a Malú me ligou no final do dia ficou toda enciumada porque não havíamos a chamado. Mas ela sabe que a Ritinha faz estágio só duas vezes por semana, ficando mais fácil vir consolar as amigas. Prometemos visitá-la amanhã à noite.

Estou bem mais calma e tranqüila.

Tomara que o cara do 32 tenha uma excelente noite com muito amor e ternura junto a sua loirinha dentuça. Gente, mas ela é feia demais! E ele também não tem critério... quer dizer, comigo teve, mas com ela não! Me fala... como é que não brocha?

Mas eu nem quero que isso aconteça, viu... sem ressentimentos! (rs)

26 de Março de 2008 - Quarta-feira


Bati o recorde. Levei três horas pra me aprontar. Tive que acordar às cinco e meia, pois tenho que chegar na Unilever (primeira entrevista do dia) às dez. Depois vou ver direitinho o que aquele filho da mãe do 32 quer comigo. O dia promete!

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Comecei bem. Cheguei atrasada na Unilever. Tenho certeza que foi um ponto negativo, mas no final acho que mandei bem. Fiz alguns testes e participei de uma dinâmica. Se deus quiser vou ser selecionada.

Bom, à tarde foi bem diferente. Cheguei na empresa do cara do 32 e na hora de anunciar minha presença, paguei um puta mico, pois esqueci que eu não sabia o nome dele. Ai, que ódio!

Sorte que ele apareceu no corredor e eu dei um tchauzinho pra chamar a atenção. Ele parou e ficou olhando pra minha cara rindo durante uns dois minutos. Me senti péssima! Que palhaço!

Enquanto a diretora que ia me entrevistar terminava de atender uma pessoa, ele me levou pra uma sala de reunião pequena e ficou explicando o funcionamento da empresa. Eu não sei se eu estava prestando atenção no que ouvia e não sei se ele estava prestando atenção no que falava. O fato é que a gente ficou lá, num clima super estranho, desviando o tempo todo o olhar um do outro.

Mas eu sabia que aquilo não estava cheirando bem. Ele parou de falar, pegou minha mão e começou a beijá-la. Eu estava me sentindo mega constrangida, pois além de estar num ambiente profissional, sentia-me no preâmbulo de um assédio. E por mais que eu goste de homens com atitude, aquilo estava mais parecendo uma armadilha de muito mal gosto. A verdade é que pela segunda vez eu não resisti, e a gente ficou se pegando por toda a sala. Foi uma loucura! Nunca tinha passado por uma experiência dessas. Já pensou se alguém entrasse? A sorte é que metade do escritório tinha saído para um treinamento.

Com muito receio fui fazer depois a entrevista com a diretora. Cheguei a pensar que era mesmo só um golpe daquele lunático. Fiquei a entrevista inteira meio envergonhada, com a neura de que ela tinha visto tudo. Nem me lembro direito das coisas que eu falei. Com certeza dei bola fora!

E o pior não é isso. Aquele cretino nem me esperou. Quando terminamos a entrevista ele já tinha ido embora. Ele sabe mesmo como me deixar louca da vida.

Chegando em casa, fui direto pro apê dele, sem pensar duas vezes. Eu não podia deixar quieto, queria falar um monte! Mas adivinha? Uma loira tingidássa de aparelho nos dentes (horrível!) atendeu a porta com cara de quem estava esperando uma pizza. Eu quase me atirei pela janela. Pra despistar perguntei se era do 52 (porque de três pra cinco só muda uma perninha) e vazei!

Liguei pra Ritinha mega nervosa contando o que aconteceu. Que ele me usou, me desrespeitou, me fez de idiota e ainda me humilhou. Ela me consolou um pouco, mas está difícil esquecer as coisas. Droga, to super triste...

25 de Março de 2008 - Terça-feira

Quando estava saindo hoje cedo para uma entrevista, o porteiro me entregou um recado do cara do 32. Ele deixou o número do celular com uma mensagem seca “preciso falar com você”.

Mas ele acha o que? Que eu estou desesperada atrás dele? Eu não vou ligar não. Em hipótese alguma.

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Fiquei a tarde toda intrigada com o bilhete.

“Preciso falar com você”. O que será que ele quis dizer com isso? Precisa mesmo falar comigo ou é só uma desculpa pra gente se trombar de novo? Ou será que ele escreveu propositalmente para eu ficar nesse estado de paranóia? Bom, resolvi ligar. A primeira vez tocou e ninguém atendeu. A segunda tocou só duas vezes e parou. A terceira caiu na caixa postal. Agora chega! Até porque ele já tem meu número na lista de chamadas não atendidas e eu não vou ficar levantando o ego de ninguém.

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Fui tomar um sorvete no shopping pra esquecer esse trem e na volta ele me ligou.

- Oi gata!
- Oi.
- Eu vi umas sete chamadas suas aqui na minha caixa postal. Desculpe, eu fiquei em reunião a tarde toda.
- Ah tá.
- Seguinte: tivemos um problema com uma funcionária que foi transferida para outra unidade aqui da empresa. Estamos procurando uma pessoa para substituí-la.
- Pra fazer o que?
- Você pode passar aqui amanhã?
- Amanhã só posso à tarde. De manhã tenho outra entrevista.
- Pode ser.
- Quem eu procuro?
- Pode me procurar.

Não sei se isso foi bom ou não. Quer dizer que ele só queria falar comigo por causa da droga da entrevista? Que petulância!

24 de Março de 2008 - Segunda-feira


Acordei super cedo com o telefone aqui de casa tocando. Nem pensei duas vezes... usei a velha técnica do "Fingi que não ouvi". Estava chapada de sono! Depois tocou também o celular. Quem disse que eu teria paz? Como é possível que alguém queira falar com outro alguém a essa hora! E o cretino ainda ficou insistindo! Esperava uns três minutos entre uma ligação e outra e depois ligava novamente. Ele tentou uma, duas, três quatro, cinco... na sexta eu resolvi atender. Imagina meu humor. E pra piorar, era um daqueles vendedores insuportáveis de cartão de crédito. Já estava sem paciência, e ainda fui obrigada ouvir os dezenove mil benefícios de ter mais um cartão. Graças as deus, no terceiro a linha caiu.

Fui almoçar na casa da minha mãe. Ela preparou tanta coisa que eu achei que viria toda família dinossauro. Minha mãe não tem noção! Acabei comendo demais. Vou ter que ralar amanhã na academia pra compensar.

À tarde dei uma dormidinha básica e umas cinco e meia a Malú passou em casa querendo que eu fosse com ela no aniversário da sobrinha. O Carlinhos precisava trabalhar até tarde e ela não queria ir sozinha. Que belo programa! E estava um tédio! Talvez eu é que estivesse meio desanimada o dia todo, mas agüentar festa de criança na segunda a noite é forçar a amizade! Fala sério! Na volta, a Malú ainda veio brigar comigo.

- Nossa, mas você tá numa animação hoje, hein nega!
- Pois é! É que você não costuma andar sozinha, né? Se eu não fosse, você também não iria. Eu te conheço.
- Ah tá, desculpa. Não devia nem ter passado na sua casa pra te atormentar. Que idéia fraca a minha de querer sua companhia! Onde eu estava com a cabeça?
- É que eu tô precisando de um pouco de sossego, sabe?
- Eu sei bem do que você tá precisando!

Eu que já estava sem paciência, respondi no mesmo nível. A Malú não é fácil.

O pior é que quando cheguei em casa, o porteiro veio me avisar que o cara do 32 tinha me procurado. Fiquei mega animada, mas durou pouco, porque ele tinha saído de carro há uns vinte minutos. Que droga! Estou louca da vida! Além de eu ter brigado com a Malú, eu ainda perdi a oportunidade de falar de novo com o cara do 32. O dia não podia ter terminado pior.

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O efeito da raiva passou. Tomei um chazinho de camomila e fiquei me esforçando para só pensar em coisas positivas.

Pronto! Vou ligar pra Malú pra pedir desculpas. Acho que fui rude demais. Coitada, passou aqui pra contar comigo e eu chutei o pau da barraca.

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Ficamos falando um tempão, e comecei a me sentir bem melhor. Estava contando pra ela os detalhes da festa de ontem, até que ela perguntou:

- Ah então foi por isso que você não atendeu minha ligação hoje de manhã? Chapou a cara e não conseguiu nem se mexer, né sua pinguça? - Ela falou rindo. Eu me mantive calada. - Eu te liguei umas oito vezes, acredita?!

Gente, dá pra acreditar? Que ódio eu tenho da Malú!

23 de Março de 2008 - Domingo

Combinei com a Ritinha de irmos à tarde a uma casa de chá que abriu em Moema. Hmmm... não vejo a hora!

Até lá, não vou tirar os olhos da televisão. Vou assistir a segunda temporada de Lost que a irmã da Malú me emprestou. Tem coisa melhor?

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A Ritinha ligou dizendo que estava com dor de dente. Tentei insistir, mas não teve jeito. Ai, essa minha amiga é muito complicada! Às vezes ela me tira do sério. E eu que estava super a fim de sair. Será que eu interfono pro cara do 32?

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Ainda bem que minha irmã me ligou falando que ia rolar uma festinha no apê dela. Nem pensei duas vezes. Cheguei a interfonar pro cara do 32, mas ele não estava. Pedi pro porteiro não falar nada que eu o procurei. Já pensou? O cara vai ficar se achando!

Tinha uma mega galera na festa. Muita gente que eu não via há muito tempo. Até o Maneco estava lá. Tive um casinho com ele quando tinha uns 16 anos. Bem maneiro! O maluquinho não está de se jogar fora! Rolou altos papos.

Fiquei abismada com minha irmã. Como ela está bonita! Pensar que ela era toda magrinha e franzina. Agora está com um corpão, toda bronzeada, com cabelinho a lá Cameron Diaz. Não é a toa que está saindo com o Klaus, primo de segundo grau da Ritinha. O cara tem a pinta do Reynaldo Gianecchini.

Saí de lá umas três da manhã, meio embriagada do saquê que eu exagerei. Aliás, essa idéia de servir comida japonesa foi maravilhosa! Amo comida japonesa!

Na hora de ir embora, o Maneco não estava gostando da idéia de eu voltar dirigindo sozinha naquela pindaíba toda. Mas eu estava bem. Sério mesmo. Foi o que eu falei, mas ele ficou me abraçando toda, falando que eu precisava de proteção, que uma moça linda como eu não podia ir embora daquele jeito. Tava difícil afastar o cara. No final, consegui convencê-lo de que estava bem. Para deixá-lo mais tranqüilo, dei um selinho de boa noite e dei área. Bom, espero que tenha sido só um selinho mesmo.

22 de Março de 2008 - Sábado

Estou me aprontando pro churras da Malú. Acabei de voltar do cabeleireiro. Lavei, fiz uma hidratação e escova. Estava lotado! A Sueli, dona do salão, está esperando seu segundo filho! Que novidade boa. Fizeram até um bolinho pra gente comemorar. Ela é muito querida! Se eu soubesse, teria levado uma lembrancinha.

Liguei pra Malú hoje cedo pra saber da Gabi. Ela disse que conseguiu falar com ela ontem pelo telefone, mas não tinha dado certeza se iria. Estou meio preocupada com aquela doida. Tomara que esteja tudo bem e que ela apareça por lá.

Ah! Perguntei pro porteiro o nome do cara do 32. Ele fala meio enrolado. Não entendi nada (mesmo insistindo umas quatro vezes). Bom, nome simples eu já sei que não é.

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Cara, quase caí de costas. A Gabi apareceu na casa da Malú umas duas da tarde com o Mário. Estava de óculos escuro e não tirava por nada. Chamei-a de canto uma hora e perguntei o que havia acontecido. Ela tirou os óculos e estava com o olho esquerdo todo vermelho, com um roxinho no supercílios. Fiquei pasma.

- Ele bateu mesmo em você?
- Ai, Rê, não quero falar sobre isso, não. Já passou.
- Meu, eu não acredito que o Mário te bateu! Ele é muito filho da puta se fez isso!
- A gente só discutiu um pouco, só isso. Já está tudo bem.
- Tudo bem o cacete! Você não pode deixar ninguém encostar a mão em você! Ficou maluca? – Eu gritei com ela e logo me arrependi, pois ela começou a berrar e chorar sem parar.
- E você queria o que Regina! Eu fiquei com outro cara, porra! Eu traí meu marido! A culpa é de vocês que ficam armando essas merdas! Se eu tivesse ficado em casa quieta, não disso teria acontecido! Na hora H ninguém ficou com dó de mim! Agora, tá todo mundo preocupado! Todo mundo solidário, com pena de mim! Quer saber? Me deixem em paz! Deixa eu viver a vida que eu escolhi! Que eu escolhi! Tá bom? Tá bom?

Logo em seguida a Malú apareceu. Já entrou com uma cara de brava por ver que a gente estava se desentendendo.
- O que está acontecendo aqui? Eu não quero gritaria na minha casa!

Dava pra ouvir os berros dela na outra esquina. Tenho certeza que até o Mário ouviu. Nós três começamos a falar mais baixinho e nos entender novamente. Geralmente eu sou a mais calma da turma, mas dessa vez a Malú mandou muito bem. A gente se abraçou e mudou de assunto. Ficou tudo bem. Poxa vida, eu não tenho culpa se ela se descontrolou, ficou com outro cara e ainda dedurou para o marido. Fiquei com vontade de chorar, mas me contive.

Não fosse por esse deslize, o churras teria sido nota dez. As primas da Malú estavam lá e aprontaram o maior auê na piscina. E mesmo sem muito sol, jogamos pólo aquático mulheres contra homens! Muito legal! Ganhamos de 10 a 6. Está certo que foram oito meninas contra 3 homens, mas valeu e muito! Até a Gabi entrou no finalzinho (depois de muita insistência, claro)! A Ritinha estava meio xororô, e não quis nem por biquíni. Também não era por menos. O irmão mais velho da Malú estava todo todo com dela. Trazia comidinha, fazia massagem... montou até a rede pra ela deitar. E ela nada... toda apática com o menino. O Mário também não quis jogar. Ficou cuidando da churrasqueira com o Carlinhos. Ai, esses homens são muito sisudos. Deus me livre!

Na volta eu fiquei pensando o que eu faria se alguém encostasse um dedo em mim. Acho que no mínimo um chute no saco, bem dado, com a ponta daquele meu salto alto que eu ganhei da minha mãe no ano passado. Mulher não se bate nem com uma flor. Meu deus, como é que a Gabi tolera? Bom, cada pensa do seu jeito. Mas que ela é louca é!

21 de Março de 2008 - Sexta-feira

Marquei uma entrevista na Unilever pra quarta da semana que vem. Estou super ansiosa! É sempre assim, as coisas demoram a acontecer, mas quando acontecem, vêm em peso. Até a semana passada eu estava zerada de oportunidades. Mas eu falei: “calma que tudo vem no seu tempo”. Segunda teve aquele velhinho simpático que gostou de mim; ontem meu padrasto me ligou dizendo que tinha encaminhado meu currículo pro irmão dele (dono de uma empresa de materiais de construção) e agora esse e-mail da Unilever, confirmando uma entrevista para quarta que vem. “E agora Regina, vamos levantar o pó do sedentarismo?” Essa vidinha está prá lá de boa, mas desse jeito vou acabar falida!

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Arrasei na academia com meu conjuntinho novo. É uma calça de lycra toda preta e uma regata rosa bem clarinho. O Top lilás que eu comprei ainda não dá pra usar. Preciso emagrecer uns quilinhos pra não ficar feio expor minha barriguinha. Teve uma menina que até perguntou onde comprei. Adoro essas coisas! Os meus novos amigos me convidaram pra ir numa festa hoje na Spartacus. Quem sabe...

Quando voltei, fiquei meio tristonha no apê, desisti de sair, e não resisti de ligar pra Ritinha. Na verdade estava louca de vontade de contar minha aventura com o cara do 32. Foi mais forte que eu!

- Mas já assim, tão rápido? – Ela perguntou.
- Você sabe que eu não perco tempo né nega! – Respondi rindo.

Contei tudo pra ela. Parece que saiu um peso de minhas costas. Depois me deu vontade de ligar pra Malú. Ah, se uma já sabe, vou contar pra outra também. Até porque sei que uma hora vai acabar vazando, mesmo a Ritinha tendo prometido confidencialidade. O mais engraçado é que a Malú perguntou o nome dele e eu nem sei! Nem me ative a perguntar, e se ele falou, eu nem prestei atenção. Que louca!

20 de Março de 2008 - Quinta-feira

Fiquei a tarde inteira conversando pelo MSN com uma amiga do coração que conheci no Canadá. Ela está pensando em visitar o Brasil em julho. Já pensou que tudo? Sinto muita saudade de Toronto, onde passei um dos anos mais felizes de minha vida. Saudade de tudo e de todos! Quem sabe volto lá um dia. Primeiro preciso me capitalizar arrumando um emprego por aqui. Confesso que não estou procurando com muito afinco, mas tenho convicção que vou conseguir algo em breve.

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Com muita relutância, fui pra minha segunda aula na academia. Fiz minhas primeiras amizades. Três rapazes mais ou menos da minha idade e uma menina mais novinha. Eles me ajudaram a usar alguns aparelhos. Fiquei meio dolorida, mas valeu a pena. Depois de um tempo, a gente se sente bem melhor mesmo.

Estou com vontade de ligar pro cara do 32, mas vou me conter. Espero que ele também não me ligue, pois sei que não vou resistir. Depois da minha última relação, estou querendo dar um tempo. Apesar de que só uns amassinhos não fazem mal a ninguém.

Pra esquecer isso um pouco, acho que vou dar uma passadinha rápida no shopping para comprar umas roupinhas de ginástica. Agora que estou fazendo amizades na academia, preciso manter a aparência.

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Fui literalmente xavecada pelo vendedor da loja . Chegou a ser desagradável, apesar de ser gatinho. Fui obrigada a deixar meu telefone, até porque precisava fazer o cadastro. Cheguei em casa e o cara me ligou, puxando vários assuntos nada a ver. Prefiro homens mais objetivos. Esse lenga lenga não leva a nada. No final, eu já estava ficando aborrecida e ele não desligava. Fiquei com o cara do 32 na minha cabeça o tempo todo. Muito mais atraente e agradável. Só é um pouco atrevido, mas por um lado até que é bom.

O importante é que eu comprei uns conjuntinhos lindos pra usar na academia. Os rapazes vão adorar!

19 de Março de 2008 - Quarta-feira

“Nada de preguiça”, gritei pra mim mesma hoje de manhã (quase às onze). Decidi finalmente me matricular na academia. Aproveitei e já fiz uma aulinha. O instrutor me fez pegar leve na musculação, mas depois fui correr na esteira e quase morri. Mal cheguei em casa e apaguei geral.

Só fui acordar umas nove e meia, morrendo de fome. Geladeira vazia. Fui fazer compras no supermercado. Encontrei o Léo que estudou comigo na facú. Ele está morando pertinho de mim. Conversamos um pouco, perguntei de outros amigos da turma, ele mantém contato com alguns via MSN e ficou de me passar os e-mails. Morro de saudades da galera!

Voltei pra casa, preparei um lanche e tomei um iogurte. Estou agora sentada na cama escrevendo, morrendo de sono. Estou em dúvida se essa academia foi mesmo um bom negócio.

18 de Março de 2008 - Terça-feira

Grande idéia teve a Malú de marcar um churras na casa dela no sábado com a galera! Meu, quero só ver se a Gabi e o Mario vão aparecer. Depois que eu fiquei sabendo que o Mario bateu nela, eu achei melhor nem insistir em contatá-la. Roupa suja se lava em casa!

Tomei um café maravilhoso aqui na esquina! É uma casa de pães com cada coisa gostosa! Preciso maneirar, senão vou acabar uma bola. Dei uma passadinha no salão pra fazer as unhas e na volta, com o sol que estava, resolvi colocar um biquininho e aproveitar um pouco da piscina do prédio. Encontrei o cara do 32. Papo vem, papo vai, ele me convidou para ir a tarde ao cinema. Como eu não tinha nada planejado pra fazer, acabei aceitando. Ele deve ter mais ou menos a minha idade e provavelmente tem muita grana, pois está sempre saindo com uns carrões importados. Perguntei o que ele fazia mas não entendi direito. Algo a ver com eventos. Fui meio cara de pau e perguntei se estava precisando de alguém para ajudar no marketing. Afinal de contas a gente tem que dar cara a tapa nessas horas. Ele ficou de verificar, pois estava de férias. Parece um sujeito interessante. Como amigo é claro! Na volta eu escrevo mais.

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Não dá pra acreditar! Fomos assistir “Paixão Proibida” com Michael Pitt (Gatásso). Logo no começo me deu um sono violento. Não sei o que deu em mim. Resolvi encostar-me no meu amigo, e ele começou a fazer um cafuné pra lá de gostoso. De repente, não sei como, mas a gente se beijou! Fala Sério! Que descontrole o meu! Não agüenta um escurinho perto de um homem! No final, não me arrependi, o cara beija muito e pra falar a verdade eu estava precisando de um pouco de afeto. Na volta, o cara de pau queria que fosse pro apê dele. Confesso que deu vontade, mas peralá, né! Não é só porque rolou uns beijinhos que vai acabar em pizza! Falei pra ele tomar um banho bem gelado e ir dormir. Que audácia a dele!

Não vou contar em hipótese nenhuma esse deslize pras minhas amigas. É o tipo de coisa que não é bom espalhar. Prometo guardar esse segredo só aqui pro meu diário.

Ufa! Acho que é isso por hoje!

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Não é que a estúpida aqui resolveu descer no apê do cara! Estava me trocando pra ir dormir e ele me interfonou dizendo que queria falar comigo de todo jeito. E eu de tonta fui. Acho que até queria um pouco, mas é ele quem deveria ter mais auto-controle nessas situações. Bom, o fato é que acabei descendo pra conversar! E que conversa que nada! A gente já saiu rolando na sala no maior amasso! Bom demais! Só que aí a coisa começou a ficar mais séria, e ele queria ir fundo mesmo. O cara tava na pilha! Fui forte e achei melhor parar por ali! Não queria transar... só me divertir um pouco! Ele ainda insistiu umas três vezes, mas eu estava decidida! A gente preparou um lanchinho, e depois eu subi!

E gente... que tesão que eu tô!

17 de Março de 2008 - Segunda-feira

Segunda-feira. Dia de colocar a vida em ordem. Logo cedo minha mãe ligou perguntando se estava tudo bem. Eu é que estava preocupada com ela. Depois que ela teve aquela úlcera, tento sempre convencê-la a largar sua lojinha de bijuterias. Mas eu acho mesmo que o que a deixa nervosa é o dia-dia com meu padrasto. Ele é muito perfeccionista e ela vive pra ele, sempre dedicada a agradá-lo e atendê-lo o tempo todo. E cuidar daquela casa não é fácil não.

De manhã fui ao dermatologista ver aquelas manchinhas que apareceram perto dos seios. A médica pediu alguns exames, mas adiantou que não era nada grave.

Almocei na rua (um x-salada delicioso) e a tarde fui fazer uma entrevista naquela empresa que me contatou na semana passada. Um senhor de uns 50 anos me entrevistou. Acho que ele é o dono. Uma simpatia! Disse que era uma empresa familiar pequena e, com o crescimento do mercado, precisava de alguém pra desenvolver a área de comunicação. Apesar de eu ser mais especializada em marketing do que comunicação, achei o sujeitinho distinto e mostrei interesse na vaga. Senti que ele gostou de mim também. Tomara que dê certo. Desde que eu saí da agência pra estudar no Canadá no ano passado ainda não arrumei nada. Vamos torcer!

16 de Março de 2008 - Domingo

Acordei quase meio dia hoje, ainda meio lesada por causa da noite passada. Fiquei perambulando pela casa fazendo uma faxininha básica, e logo lembrei que tinha marcado de almoçar no shopping com o Alexandre. Estava um trapo... nem um pouco a fim de sair. Tentei ligar pro Alê, mas estava caindo direto na caixa postal. Resolvi ir porque ele costuma ser ponta firma nos compromissos.

Tomei um banho demorado e voei pra lá. No caminho ele me ligou confirmando o encontro.
No final, não me arrependi! Pelo contrário! Quem não conhece o Alê acha que é um cara sério, meio sem conteúdo, tipinho intelectual. A real é que o Alê é muito engraçado. Eu não canso de ouvir a forma com que ele vê a vida, as histórias que ele se mete, os comentários que ele faz sobre as pessoas que estão em nossa volta. O cara é muito gente boa! A gente viveu várias histórias juntos, principalmente quando viajamos para Maceió. É um verdadeiro amigo, e um dos poucos caras que eu contaria a jornada de ontem (claro que eu contei!). É engraçado porque eu adoro ficar falando com ele, mas não sinto muita atração. Deve ser coisa de pele, sei lá! Ficamos trocando idéias até uma três horas. Deu gosto de contar tudo que estava acontecendo de novo na minha vida. Se ele não tivesse que ir embora, eu teria ficado mais uma cara o alugando pra me divertir. Aproveitei pra fazer umas comprinhas, como aquela sandália azul clarinha da Phyton que eu já estava de olho faz um tempinho, e uma calça escura com uns decotinhos modernos pro dia a dia da Vittara.

Na volta lembrei que tinha que comprar absorvente e acabei passando na farmácia.

A noite fiquei meio tristonha, sozinha, cheguei até a chorar um pouco, até que a coisa agitou quando a Malú me ligou pra contar as novidades do “causo Gabi”.

- Sabe quem parece que viu os pegas da Gabi ontem? – perguntou ela.
- Quem?
- A Marta.
- Que Marta? A Martinha? “Martinha Pé de Valsa”?
- Ela mesmo, acredita?
- Mas eu não vi essa louca ontem, nega!
- Quem me falou foi o Patrique. Ele disse que ela fez cirurgia no estomago e emagreceu uns 10 quilos.
- Nossa, agora que a Gabi ta ferrada. Ela vai fazer de tudo pra se aproveitar da situação e dar em cima do Mario.
- Eu já estou achando que ela vai aprontar coisa pior.

Depois foi a Ritinha quem me ligou. Ela me contou que tinha se queimado no novo fogão, com todo aquele jeitinho meigo. Só ela mesmo!

Depois de todo esse final de semana cheio de momentos, resolvi dar um tempo pra mim mesma, tomando um belo banho de hydro, com meus sais importados. De lá pra cá, só deu tempo pra atualizar o diário. Já estou até escrevendo com os olhos fechados.

15 de Março de 2008 - Sábado

Ai meu deus! Isso que aconteceu hoje não estava nos planos! A Gabi, mulher do Mario, se meteu numa enrascada! Durante a despedida de solteiro da Malú no Oxygen (balada na Vila Olímpia), a Gabi desestrambelhou, bebeu pra caralho e acabou ficando com um cara de uns 20 anos.

Geralmente quem faz despedida de solteiro são os homens, mas o Zé Carlos (Carlinhos), futuro marido da Malú, é super na dele, e fez só uma reuniãozinha na casa dele com uns amigos. E a Malú, que é ligadona nos duzentos e vinte, resolveu chamar as amigas pra sair e bagunçar a noite. Não deu noutra: chapamos a cara e a Gabi, que achou tinha nos despistado, foi encontrada no corredor do banheiro, com um rapazinho boa pinta socando uns malhos na parede. E a gente, é claro, apesar da fadinha murmurando que era errado, ficamos na torcida o tempo todo pro bicho pegar! E pegou mesmo! Gente... eles quase transaram ali na frente de todo mundo!

A gente riu a beça! Mas o que era pra ser um "happy end" virou um pesadelo! Depois de toda aquela violência, a Gabi deu um perdido no rapaz (que depois ficou me secando toda - uhu) e despirocou de vez na bebida. Cara, a gente dançou pra cacete! Tinha muito cara a fim de mim! Foi bom demais!

Na volta, a Malú deu carona pra todo mundo, e a Gabi voltou delirando no banco de trás enquanto a gente fofocava sobre os bastidores da noitada! E que noitada! Mas tudo tem um limite. Quando deixamos a Gabi na casa dela, ficamos meio preocupadas, pois ela não parecia muito bem. Meu, passou umas duas horas, quando eu estava tirando a maquiagem, a Gabi me ligou.

- Fudeu Regina! Fudeu!
- O que foi, gatinha?
- Fudeu Regina! - Aí ela começou a chorar de vez. Abriu o berreiro.
- Calma... calma... conta pra mim. - Ela começou a gagejar, falando com soluços.
- Eu contei pro Mario!
- Você contou pro Mario sua louca?
- Eu não sei Regina... eu não consigo esconder nada dele!
- Você é louca! Você é louca!
- Quando eu cheguei e olhei pra ele... parece que ele já sabia, Regina! Parece que ele já sabia!
- E aí?
- Aí eu olhei pra ele e comecei a chorar! – Aí começou tudo de novo e ela se afogou nas lágrimas.

No fim, pelo que eu percebi, caiu uma puta carapuça em cima dela, porque eu tenho certeza que o Mario não tava nem aí. Ele nunca está. Segundo a Regina ele quis terminar com ela, mas eu tenho certeza que foi o contrário, só por causa do sentimento de culpa. Quando eu estava começando a tirar a maquiagem, a Malu me ligou.

- Já sei... a Gabi contou pro Mário – Falei.
- Meu, ela é louca – A Malu estava inconformada.
- Eu acho que foi ela quem brigou com o Mario. Ela que começou tudo! – Eu disse baixinho.
- Eu tenho certeza!
- Ela deve ter ficado falando direto durante três horas com o Mario, contando o que aconteceu, e aproveitando para lavar roupa suja.
- Ela devia ter ficado quieta!
- Parece que ela voltou a falar da ex do Mario.
- A Camila?
- Isso. Você lembra dela?
- Claro que sim. Fiquei sabendo que ela está ficando com o Fabio.
- Que nada! O Fabio já tem em outra... ouvi dizer é que teve um caso com a Flavia.
- Nossa a Flavia, é muito vaca...
- Rê, já te ligo! A Ritinha ta me chamando na outra linha.

Eu acho que elas ficaram uns quarenta minutos se falando. E eu estava me mordendo de curiosidade pra saber o que estava rolando. Não agüentei e liguei pra Ritinha. “Rê, peraí dois minutos que eu já te ligo. Estou falando com a Malú”. Esperei quase meia hora. Aproveitei para atualizar o diário.

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- Rê, precisamos conversar. A Gabi ta muito mal.
- Eu sei.
- Então, eu acho que o Mario bateu nela.
- Como é que é? – Fiquei abismada!
- Você sabe, não é a primeira vez.
- Ai Jesus!
- E você não sabe o pior...
- Conta!
- No meio da briga a Gabi disse pro Mario que estava grávida.
- Ta brincando?
- Eu perguntei se era sério, ela não quis me falar.
- E aí?
- Não sei. Estou super preocupada.
- Acho que vou ligar lá.
- Liga... depois me liga de volta!
- Ta bom.

Liguei pro celular da Gabi mas estava dando ocupado. A Malú devia estar falando com ela. Pra confirmar liguei em seguida pra Malú. Ela atendeu e me disse que estava ligando direto, mas o tel da Gabi chamava um pouco e logo depois caia direto no correio de voz. Eu disse que tentaria em seguida. Liguei seis vezes. Na sétima, a Gabi antendeu com uma voz de choro.
- Oi Rê...
- Gabi... estamos preocupadas com você, lindinha! O que aconteceu?
- Não posso falar agora Rê... depois a gente conversa!
- Mas ta tudo bem?
- Tá... ta tudo bem.
- Então ta... promete que me liga se precisar de alguma coisa?

Ela não prometeu e desligou. Liguei pra Ritinha. Ela estava falando com a Malú.

Aquele clima de suspense estava me deixando doida da vida. Mas não posso negar que estava me divertindo muito!

Fui dormir umas cinco da manhã, depois de falar ainda várias horas com as duas. Essas meninas são fogo!