29 e 30 de março – Sábado e Domingo

Até as seis da tarde eu praticamente não fiz nada, só enrolei. Estava ao mesmo tempo ansiosa pela rave, mas também um pouco deprê. Vai entender! Quis ficar o dia todo sozinha. Apesar de a Gabi ter me convidado pra ir almoçar no sítio da mãe dela, não estava muito disposta a participar de atividades sociais hoje. Assisti a um filme, terminei de ler um romance meio besta e dormi a maior parte do tempo.

Quando comecei a me arrumar, a Ritinha apareceu toda radiante. Ela fez trancinhas no cabelo e colocou um gorrinho de lã rosa claro. Vestia um jeans meio oversided e uma blusa de cashmere estampada. Estava o máximo! Super fashion! E a energia dela estava mega positiva, tanto que já entrou adiantando que ia ter muita gente conhecida por lá, muitos gatinhos e muito goró!

Enquanto me arrumava, fiquei desabafando minhas lamurias:

- Tá triste por que, doida? Não me vai dizer que é por causa daquele seu vizinho infeliz.
- Não, acho que não. Sei lá! Às vezes baixa esse vazio por dentro da gente, sabe?
- Sei muito bem! Da última vez que falei isso pro grosso do meu ex, ele quis me convencer que era só aumentar a freqüência do sexo que resolvia tudo.
- Sério? E ele preencheu o vazio? – Eu comecei a rir.
- Que preencheu que nada! Só na cabeça dele mesmo!
- Os homens deveriam ser processados por cada coisa que prometem e não cumprem!
- Pelo menos nós ainda somos livres, né Rê?
- Pode crê. Pior é a Malú e a Gabi que vão perder essa rave irada!
- Provavelmente vão ficar cozinhando pros maridos! Vai... se troca rápido que a noite promete!

Sem falsa modéstia, nós duas estávamos arrasadoras. Segui o modelito hip-hop da Ritinha e coloquei uma calça preta de cintura baixa (estilo Beyonce) e uma blusinha amarela. A bolsinha de renda hippie da cor da blusa fechava o conjunto.

Depois de umas e outras aqui em casa, não podíamos estar mais eufóricas pra festa.

O local era uma chácara meio abandonada do primo de um amigo nosso. Havia mato pra tudo que é lado e muitas árvores. E estava um frio de rachar. Sorte que a tequineira estava correndo solta e a gente esquentou rapidinho.

Logo que eu entrei já pirei num flautista que estava descalço, todo descolado, tentando seguir a percussão da música de fundo. Mal dava pra ouvir a flauta no meio de tanta batida e som eletrônico, mas ele não estava nem aí! Muito louco!

Tinha bastante gente bonita por lá. Mas poucos me impressionaram a primeira vista. Mesmo assim, tinha um cara que ficava me seguindo, dançando o tempo todo do nosso lado. Tentei empurrá-lo pra Ritinha, mas aquela fresca já estava de olho em outro bem mais bonitinho. Não demorou muito pra que ela sumisse e me deixasse numa situação vulnerável.

Tentei despistá-lo puxando papo com outro cara mais interessante, e acabei me dando mal (ou bem). Quando ele percebeu que eu já estava bem louca, não vacilou me pegou de jeito. A gente ficou um tempão juntos. O problema é que eu não parava de pensar no flautista, que era meu grande objetivo da noite. Mas o cara era grudento e não foi fácil despistá-lo.


A noite passou muito rápida. Quando já eram umas sete da manhã, eu já não encontrava mais ninguém conhecido, muito menos a Ritinha pra irmos embora. Já estava cansada e meio enjoada, mas aproveitei pra dançar e me divertir mais um pouco. Depois não agüentei e deitei numa rede que achei suspensa entre duas árvores. Era o que eu mais queria. Não deu outra. Dormi que nem uma pedra e depois de algumas horas a Ritinha me acordou irmos pra casa. Acho que dormi de mau jeito, pois meu corpo todo estava (e ainda está) todo dolorido.

E no final, conversando no carro sobre os bastidores, adivinha quem ficou com o flautista?
- Jura, sua vaca? – Falei brincando.
- Ah, Rê. Foram só uns beijinhos. Nada de mais!

Pode até ser, mas fiquei com uma pontinha de ciúmes. Que coisa chata. Parece até que estamos na savana e pega a presa quem correr mais rápido! Eu hein!

28 de Março de 2008 - Sexta-feira

Finalmente consegui achar forças para ir à academia. Foi muito legal rever o pessoal e mexer um pouco o corpo. Essa preguiça não está com nada mesmo. À tarde dei uma dormidinha básica e, depois de recuperar as energias, fui dar um up no cabelo e passei na casa da Ritinha para irmos juntas na Malú.

O Carlinhos, marido da Malú, não estava lá, o que automaticamente faz com que o nível do papo (e do volume das vozes) seja outro. Juntou as três e vira tudo um barraco, ainda mais cozinhando.

Mais tarde chegou a Gabi com o Mário. Coitado... Foi vítima de de um festival ininterrupto de fofocas. Pela cara dele, não falávamos nada que se salvasse. Fora que ele estava morrendo de fome e a gente sem pressa nenhuma pra servir a mesa. Acho que eu nem ouvi a voz dele.

Muito bom passar um tempo com minhas amigas do coração. Melhor ainda saber que amanhã vai rolar uma rave.